Com a globalização dos mercados internacionais, todos os setores econômicos/produtivos sofreram profundos impactos em sua forma de ser e de atuar. A busca por competitividade e por eficiência na utilização dos fatores de produção tem como objetivo garantir a permanência na atividade e a capacidade de expansão.

É fundamental que toda a atividade econômica seja administrada de forma eficiente e competitiva. Para que isso seja possível, a empresa, urbana ou rural, deve ser controlada como um todo.

Administrar de forma eficiente exige planejamento de ações. Dentre as ações, destacam-se os investimentos. Como investimentos, entende-se: compra de novas máquinas (tratores, colheitadeira, vagão forrageiro), construção de benfeitorias (casas, barracões, pistas de trato, almoxarifado), etc.

Nogueira (2011), após acompanhar empresas agropecuárias por doze anos, observou que, em muitas situações, mesmo que o uso de insumos seja ineficiente, esta não é a causa da empresa ser deficitária. A principal fonte de prejuízo é a 'não otimização dos investimentos', o que gera um custo fixo mais elevado (como depreciação e aumento de manutenções) e que, por sua vez, aumenta também a demanda por pessoal, energia, frete, materiais e despesas administrativas.

Acompanhe o exemplo de uma empresa que decide comprar um trator no valor de R$ 100.000,000. Usando o modelo linear de depreciação, temos:

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Neste exemplo, assumindo que, para depreciação de máquinas (trator), a vida útil é de 10 anos e o valor final será de 20% do valor atual, teremos o seguinte valor de depreciação:

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Caso essa máquina trabalhe 1.000 horas no ano (cenário 1), já haverá um custo fixo de R$ 8,00 para cada hora trabalhada. Simulando uma fazenda (cenário 2) onde não ocorre a otimização do uso das máquinas, esse trator irá trabalhar 600 horas no ano. Neste caso, haverá um custo fixo de R$ 13,30 para cada hora trabalhada. Note que, mesmo mantendo o rendimento e o consumo desta máquina, se o gestor não for capaz de otimizar seu uso, ele já estará assumindo uma ineficiência de R$ 5,30 para cada hora máquina trabalhada, ou seja, 32% mais caro. Veja a demonstração na tabela abaixo:

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O mesmo raciocínio pode ser feito para estruturas (sala de ordenha, pista de trato) inadequadamente dimensionadas.

Como tudo isso acontece durante o processo de produção, o produtor acaba não percebendo que a situação está fugindo ao controle. Para que seja possível identificar essa tendência, é preciso planejamento e uma gestão econômico-financeira eficiente.

Embora não impliquem em redução do fluxo de caixa livre, o aumento das depreciações também reduz a competitividade da empresa. Depreciações elevadas são sintomas de dimensionamento incorreto ou desequilíbrio entre bens de capital e volume de produção.

Nogueira (2011) relata que depreciações elevadas geralmente estão associadas a manutenções e custos indiretos também elevados. Quando esses casos ocorrem, é comum verificar baixa capacidade de investimento da organização e dificuldade para crescer com capital próprio. A baixa capacidade de crescimento com capital próprio aumenta a dependência de capital emprestado, e, por conseguinte, o pagamento de juros.

Para que os investimentos proporcionem resultados, é preciso que todos os bens de produção estejam em equilíbrio. Por exemplo, se investir em cochos é uma necessidade, torna-se fundamental dimensioná-los de acordo com o número de animais que irão utilizá-lo. Se investir em misturador de dieta é uma necessidade, também é fundamental que o volume de dieta, batido por dia, seja suficiente para compensar o investimento. Caso não haja equilíbrio, agrega-se custo e não valor.

O dimensionamento incorreto quase sempre acontece pela aquisição de bens de produção sem que haja um planejamento prévio, correto e tecnicamente amparado. Investir em novas estruturas e em novos maquinários trata-se, portanto, de uma decisão estratégica para a empresa.

Bibliografia
Gestão de Riscos e Estratégias de Comercialização em Commodities Agrícolas – Utilização dos Mercados Derivativos – Renato Elias Fontes
Cálculo da depreciação de máquinas e equipamentos com a aplicação do método anual uniforme equivalente e da interpolação linear, associado ao direcionador de custo tempo – Patrícia Vieira Wagner, Verônica de Migilo Moura e Ilse Maria Beuren – Contab. Vista & Rev. Belo Horizonte, v. 11, n. 2 , p 26-42, ago 2000.
NOGUEIRA, M. P. 2011 – Cuidado com a alta dos preços, disponível em: http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id-45
REIS, R.P. Fundamentos de economia aplicada. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. 95p.