O G7 agronegócios é a realização de um sonho de sete amigos de investir juntos em um projeto de produção agropecuária. O grupo foi fundado em março de 2003 com foco inicial na produção de grãos no sul de Minas Gerais. O sul de Minas se caracteriza por uma região consumidora de grãos e o G7 está estrategicamente posicionado dentro deste mercado. Hoje, a produção de milho é o carro chefe do grupo, mas também são produzidos soja, girassol e feijão. O grupo tem realizado experiências com a integração com pecuária, tanto de leite como de corte. O G7 é parceiro e usuário do IDEAGRI.
Bovinos de corte em pastagem de braquiária após a colheita do milho. A adubação feita na cultura anterior favorece a produção da gramínea.
O uso correto de tecnologia associado ao grande controle das atividades operacionais levou o G7 a ser utilizado também como campo experimental do projeto piloto “Tecnologias para o aumento de eficiência de fertilizantes e identificação de fontes alternativas de nutrientes” da Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Cerrados em parceria com as Universidades Federais de Lavras e de São João Del Rei e com empresas particulares.
A formação heterogênea, aliada a diferentes experiências profissionais tem sido um diferencial do grupo. Evandro Ferreira, um dos sócios, reside na fazenda e é o responsável pela gestão do empreendimento.
Não diferente de outras empresas, os sete primeiros anos foram de extremo aprendizado e consolidação do projeto. Diversos desafios, desde mercadológicos, climáticos e operacionais foram enfrentados ao longo das safras.
Histórico
2003 – Fundação da fazenda por 7 sócios. Foram plantados 250 ha de milho em terras de abertura.
2005 – Introdução do feijão, plantado em 60 ha de terras de abertura.
2006 – Ampliação do investimento em tecnologias, como a agricultura de precisão, híbridos de milho BT, maquinário de ponta. Introdução da rotação com soja, chegando a um total de 350 ha plantados.
2009/2010 – Reflexos do investimento tecnológico. Um deles é o aumento do rendimento do milho, chegando a 160 sc/ha em média. Neste ano, também foi introduzida a cultura de girassol. Área plantada: 532 hectares (358 ha de milho, 126 ha de soja e 48 ha de girassol).
A Fazenda
O G7 empreendimentos no Agronegócio tem como foco a produção de grãos. Suas atividades estão localizadas no município de Nazareno/MG. O sistema de produção se baseia na semeadura direta (SPSD) em sequeiro.
A região faz parte da bacia hidrográfica do Rio Grande, apresenta clima tropical e vegetação de transição entre Mata Atlântica e Cerrado e campo.
A temperatura é um dos fatores mais importantes e decisivos para o desempenho e manifestação do potencial produtivo das espécies vegetais. A maioria das culturas exige dias quentes, ensolarados e noites amenas, mais frias. É o que acontece na região, onde não há extremos de temperatura.
O solo é profundo, com fertilidade natural baixa, argiloso, e com altos teores de ferro e de alumínio. Desde o início das atividades do G7, priorizou-se a construção da fertilidade do solo, visando elevar os nutrientes ao nível crítico de produção.
Como possui a altitude elevada, entre 960 e 1060 metros, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano, é possível fazer safra e safrinha no mesmo ano. O início das chuvas permite o plantio em setembro, precocemente quando comparado a outras regiões.
Manejo das culturas
- MILHO:
O plantio do milho é feito usando 60 cm de espaçamento entre linhas e a população de plantas por metro linear varia de acordo com a indicação da empresa que fornece a semente.
Até 2008, eram usados híbridos convencionais para o plantio. Após este ano, foi feita a adoção do híbrido BT, que é utilizado até hoje, seguindo sistematicamente as normas das áreas de refúgio. Suas maiores vantagens são a queda na incidência de pragas e o incremento considerável na produção.
Caso a semente comprada não venha já tratada pela empresa, é feito o tratamento na própria fazenda no dia do plantio. Este procedimento tem como objetivo proteger a semente durante sua fase de emergência até a planta adquirir 2 folhas.
O milho é colhido com alta umidade (menor que 28%) e seco para 13% de umidade. Sua comercialização é praticamente toda voltada para a Zona da Mata mineira.
A área total plantada em milho na safra 2009/2010 foi de 358 ha e na safra de 2010/2011 é de 460 ha. O rendimento chegou a uma média de 160 sc/ha em 2009. Um resultado evidente dos investimentos tecnológicos na propriedade.
O milho é o carro chefe do grupo, principalmente pela localização geográfica da fazenda, que está inserida dentro do mercado consumidor.
- SOJA:
Uma variação na adubação de base da soja é que ela é feita considerando o potencial de fixação biológico do nitrogênio. Geralmente, usam apenas o fósforo e o potássio.
Outra variação do manejo é que, geralmente, após a capina química, é feita a adubação foliar com cobalto molibdênio.
A preocupação com doenças e pragas na cultura de soja é maior, porque além de terem uma maior incidência, elas reduzem muito a produtividade da planta. Por isso, normalmente é feita uma aplicação de fungicida de forma preventiva, depois outra curativa, com o objetivo de controlar a ferrugem asiática.
O plantio das sementes também é feito com 60 cm de espaçamento e a população varia com a recomendação da empresa fornecedora. São utilizados híbridos transgênicos (soja RR) no plantio, escolhidos de acordo com o grupo de maturação, que por sua vez é relacionado diretamente com a altitude do local. No caso da região, o grupo de maturação varia de 6,5 a 8.
O híbrido transgênico foi escolhido por apresentar maior resistência ao Glifosato.
A semente também recebe um tratamento feito com inseticidas, fungicidas e inoculantes. Este procedimento é realizado no dia do plantio e tem o mesmo objetivo do tratamento da semente do milho.
Normalmente a colheita é efetuada quando os grãos adquirem 13% de umidade, podendo variar quando existe o planejamento de fazer a safrinha. Neste caso a soja é secada artificialmente.
Em 2009/2010 foram plantados 126 ha, e o rendimento foi de 50 sc/ha. Sua venda é destinada ao Porto de Santos.
O grande foco da soja é a rotação de cultura das áreas plantadas em milho. A estratégia para os próximos anos é plantar no mínimo 20% da área com soja.
- GIRASSOL:
A adubação de base do girassol é feita com NPK e micronutrientes.
Um diferencial do seu manejo é o controle das ervas daninhas de folhas largas que deve ser feito de forma bastante criteriosa, uma vez que não existem produtos seletivos após a emergência da cultura.
Sua colheita é feita quando o grão atinge cerca de 18% de umidade. O que corresponde ao final do seu ciclo, que dura de 90 a 130 dias.
Toda a sua venda é voltada para o biodiesel.
- FEIJÃO:
Como na soja, a adubação foliar é feita após a capina química. Porém, o que difere na adubação desta leguminosa, é que ela é feita continuamente em diferentes estágios de crescimento da planta. Quando ela atinge pleno florescimento é feita a aplicação de fitohormônio e cálcio/boro.
O tratamento da semente é feito com inseticidas e fungicidas. Geralmente, é plantado o feijão preto.
A colheita é feita após a finalização do seu ciclo que varia de 90 a 110 dias.
O grande foco de plantio de feijão é na safrinha de milho, buscando ampliar os meses produtivos de cada gleba.
Manejo geral do solo
Um fator fundamental para o sucesso das lavouras foi o estabelecimento, e cumprimento de um cronograma anual de atividades da fazenda. Com ele o manejo do solo e das pastagens é feito de forma objetiva e organizada, além de permitir a otimização do processo de produção.
Triton efetuando a roçada da braquiária.
Correção do solo
A correção inicial do solo, ou adubação de formação, foi feita logo antes do primeiro plantio na propriedade, tendo como finalidade a melhoria da fertilidade e da disponibilidade dos nutrientes do solo.
As quantidades e concentrações de cada corretivo utilizado foram baseadas na composição e ph iniciais do solo, determinados por meio de uma análise do mesmo. Foi levado em conta o tipo de cultura que seria plantada e sua necessidade de cada nutriente.
Os métodos de correção adotados foram basicamente: calagem, gessagem e correção de potássio.
A calagem consiste na aplicação de cálcio e magnésio através do calcário, em concentrações pré-estabelecidas, a fim de corrigir o ph do solo - neutralizando o alumínio -, fornecer cálcio e magnésio e aumentar a disponibilidade de nutrientes. É aplicada de 0 a 20 cm de profundidade em média.
Já a gessagem é a aplicação do gesso agrícola (CaSO4) nas camadas mais inferiores – 20 a 40 cm -, com a finalidade de melhorar o ambiente radicular das plantas, ser fonte de cálcio e enxofre.
Atualmente é feita a adubação corretiva. Neste procedimento são feitos basicamente: correção dos teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Como na adubação de formação, a concentração de cada corretivo também é definida por uma análise, feita anualmente logo após o término de cada colheita.
Já a adubação de manutenção é feita de acordo com o que cada cultura exige, seguindo sempre o potencial produtivo de cada híbrido.
Dessecação
A dessecação do solo consiste na retirada das plantas daninhas da área destinada ao plantio. Geralmente feita no pós-colheita e 20 dias antes do plantio.
Plantio das safras, safrinhas e tratos culturais
O plantio de todas as culturas é feito por sementes selecionadas, e o critério de tamanho de área muda de acordo com as variações do mercado no referido ano. Normalmente, espera-se alcançar os 100 milímetros de chuva para iniciar o plantio.
Milho plantado no sistema de semeadura direta em área de braquiária na entressafra.
Junto com o plantio da semente, também em todas as culturas, é feita a adubação de base diretamente na plantadeira, considerando os nutrientes que a planta necessita.
A adubação de cobertura é feita de 20 a 30 dias após o plantio.
Antes da adubação de cobertura é adotada, caso necessário, a capina química, com o objetivo de combater plantas daninhas que crescem junto com a cultura e competem por água, luz e nutrientes.
Por último é feito o monitoramento da incidência de pragas e doenças nas lavouras, e caso necessário, seus respectivos tratamentos. Este monitoramento é contínuo e só acaba no dia da colheita da safra e ou safrinha. A aplicação de fungicida já é prática comum na região, devido às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos em campo, porém, sempre é feito um planejamento de safra priorizando o manejo integrado de pragas e doenças. Portanto, o uso de híbridos com base genética mais resistente às principais doenças que acometem o milho é o primeiro passo para o sucesso das lavouras na região Sul de Minas Gerais.
A fazenda G7 é um campo experimental do projeto piloto “Tecnologias para o aumento de eficiência de fertilizantes e identificação de fontes alternativas de nutrientes” da Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Cerrados em parceria com as Universidades Federais de Lavras e de São João Del Rei e com empresas particulares.
A fazenda foi uma das três fazendas do Brasil escolhida para o experimento, em que o professor da UFSJ Silvino Moreira, ex-assistente técnico da Equipe ReHAgro, é um dos colaboradores.
O experimento que tem o objetivo de identificar fontes alternativas de fertilizantes começou a ser executado na safra 2010/2011 e os resultados ainda não foram divulgados. A pesquisa é feita na cultura de girassol, que recebe como fertilizantes rochas moídas extraídas da região. A previsão de duração do projeto são 3 anos.
Existem outros projetos experimentais na fazenda, como o estudo do Impactos do milho Bt sobre organismos benéficos e não-alvos, também em parceria com a Embrapa, além de projetos de pesquisas com outras empresas.
Maquinário e tecnologia
A fazenda investe muito em tecnologias, como a agricultura de precisão, a seleção dos melhores híbridos e a pulverização aérea.
A agricultura de precisão é uma prática agrícola na qual se utiliza tecnologia de informação baseada no princípio da variabilidade do solo e clima. A partir de dados específicos de áreas geograficamente referenciadas, implanta-se o processo de automação agrícola, dosando-se adubos e defensivos. Clique aqui para ler o artigo sobre agricultura de precisão, no site do Rehagro.
O maquinário de ponta é uma vantagem porque resulta em um desempenho satisfatório, com maior otimização do processo. Diminui a perda de grãos, o que leva ao alto rendimento da colheita. Porém, necessita de mão de obra qualificada, outra prioridade na fazenda.
A Equipe
A formação da equipe foi o ponto de maior atenção do grupo. Por se tratar de lavouras extremamente mecanizadas, buscou-se contratar pessoas com grande perfil para a atividade, que exige atenção aos detalhes. A equipe é composta por 7 pessoas.
A qualificação do pessoal pode ser notada pela equipe enxuta, que tem um alto rendimento individual: gerente, dois tratoristas, três ajudantes e uma auxiliar de escritório.
Os funcionários recebem treinamentos constantes, já tendo participado do mini-curso de semeadura direta e do curso Gerenciamento de empresas rurais, ambos do ReHAgro. Também como incentivo ao aperfeiçoamento, eles participam de eventos do setor e visitam outros sistemas de produção.
A assistência técnica fica a cargo do ReHAgro, com apoio de técnicos das empresas fornecedoras de insumos.
Evandro, gerente/proprietário e Silvino Moreira, responsável técnico da safra 08/09.
O ReHAgro e o G7
O ReHAgro está junto com o G7 desde o início, tendo realizado o projeto técnico, físico e financeiro. O trabalho foi coordenado por Silvino Moreira, engenheiro agrônomo e consultor do ReHAgro na época. Hoje, o ReHAgro atua na assistência com o trabalho do engenheiro agrônomo Breno Araújo, que estagiou por duas safras nas fazendas.
“Durante duas safras, período que estagiei na fazenda G7 pude perceber que foi o momento técnico mais importante dentro do ReHAgro. As atividades desenvolvidas na fazenda desde o planejamento das safras até a colheita dos grãos me ajudaram a colocar em prática aquilo que realmente aprendi na universidade, desenvolvendo auto-confiança e valorizando o dia-a-dia no meio rural. O convívio direto com os colaboradores e sócios da fazenda me ajudaram a perceber a nova proposta de assistência técnica que está sendo implantada no campo, a qual busca minimizar as relações de dependência entre o meio rural e a assistência, integrando de forma clara e objetiva os ambientes da pesquisa, extensão e produtor rural para a construção do conhecimento. Portanto, acredito que a forma como o grupo G7 e os colaboradores enxergam o agronegócio faz da empresa uma referência na produção de grãos da região, valorizando o capital humano, a qualidade técnica e o desenvolvimento de lideranças capazes de entender os desafios contínuos do mundo globalizado.”
Breno Araújo – Engenheiro Agrônomo, ex-estagiário do G7.
“Como foi dito anteriormente o ReHAgro participou de toda vida da empresa desde a elaboração do projeto, feito pelo Fábio Correa, como treinamento de toda a equipe e todo acompanhamento da gestão administrativa e financeira da empresa. Até hoje, todas as decisões técnicas efetuadas na fazenda passam pela validação da Equipe ReHAgro.
Não consigo enxergar outra forma de viabilizar um projeto como este sem a participação de uma equipe técnica, comprometida e capacitada.”
Evandro – Gerente/proprietário do G7.
Fábio Corrêa, engenheiro agrônomo e diretor do ReHAgro, complementa que o G7 representa um caso de sucesso, é uma vitrine do trabalho agronômico do ReHAgro.
O futuro do G7
O G7 partiu da crença de que todo investimento bem gerenciado dá resultado. O grupo procura estar atento às evoluções mercadológicas, sendo o atual desafio a busca de agregar valor ao hectare produzido.
A viabilização das safrinhas de girassol e feijão, da safrinha de milho pós-soja e a aposta na integração lavoura-pecuária, tanto com bovinos de corte, quanto de leite, buscam manter a terra, as máquinas e a equipe produzindo por todo o ano.
Fonte: www.rehagro.com.br