Há dois anos, os administradores da fazenda Santo Antônio da Moitinha, localizada na cidade de Sacramento, no Triângulo Mineiro, escolheram a equipe de consultoria em pecuária leiteira do Rehagro para auxiliar nos processos da propriedade e para assumir tanto a gestão econômica, quanto a gestão zootécnica do rebanho. Atualmente, a produção diária de leite na fazenda é de 7,5 mil litros. Confira a entrevista, com o administrador, Rafael Freitas, que aborda a trajetória de crescimento da fazenda. A fazenda Moitinha adotou o IDEAGRI como seu sistema de gestão.
Confira a entrevista:
Rehagro: Quando e por quê vocês decidiram contratar a consultoria do Rehagro?
Rafael Freitas (Fazenda Santo Antônio da Moitinha): Há dois anos, o diretor do laticínio decidiu investir numa consultoria. Nós não tínhamos um modelo de técnicas para seguir; o que fazíamos era mesmo através de algum colaborador da fazenda ou prestador de serviço da região. Precisávamos melhorar a organização dos processos e assim, em julho de 2015 entrou o Rehagro. O Guilherme* (consultor da equipe leite) dá dicas, acompanha nutrição, sanidade e outras questões dentro da fazenda. De imediato nós sentimos uma melhoria muito grande e o que fez diferença foi o fato do Rehagro já ter uma metodologia de trabalho, ter trazido isso para dentro da fazenda e a partir disso ter dado atenção aos detalhes. Então, por exemplo: em relação ao manejo alimentar, com poucas mudanças feitas, percebemos aumento significativo na média de produção por vaca. Nos demais setores os resultados aos poucos foram surgindo também.
Rehagro: Quais foram as principais mudanças que vocês perceberam com a consultoria?
Rafael Freitas: Nós conseguimos alavancar a média de produção por ter mexido em dietas e no manejo alimentar; elevar a taxa de prenhez, uma vez que demos um foco grande em elevar a taxa de serviço – os animais estavam ficando parados por muito tempo. Nos números também, nós conseguimos manter uma rotina de fechamento dos custos e de controle financeiro (fluxo de caixa). Implantamos o software de gestão de rebanhos Ideagri, que nos ajudou muito a controlar melhor os dados da fazenda. Após uma conferência geral do rebanho e atualização das informações conseguimos trabalhar com a evolução de rebanho, projeção de produção, projeção de partos, projeção de receitas. Tudo isso foi agregando valor na fazenda.
Rehagro: Em que a fazenda procura investir hoje?
Rafael Freitas: Hoje temos uma preocupação muito grande com a mão de obra. Por estarmos localizados em uma cidade pequena – Sacramento possui aproximadamente 28 mil habitantes – existe a dificuldade de conseguirmos mão de obra qualificada. Temos feito um trabalho de desenvolvimento da mão de obra, realizando vários treinamentos de equipes. Fiz o GPL – curso do Rehagro em Gestão na Pecuária Leiteira, em Patos de Minas; nosso encarregado está fazendo o mesmo curso em Uberaba, e treinamos os colaboradores internos através dos técnicos do Rehagro. Então, o Guilherme está constantemente treinando a turma em todos os processos relevantes como a observação de cio, colostragem de bezerras, rotina de ordenha; em todos os setores ele tem repassado conhecimento.
Rehagro: Quais são os retornos desse investimento em treinamento de equipes?
Rafael Freitas: No dia a dia você percebe que o funcionário se dedica mais nas tarefas dele, entende o que está fazendo. No momento que você chega para cobrar algo que é de responsabilidade do funcionário, ele não tem como alegar que não sabia como fazer. Então, você começa a ganhar mais confiança dos colaboradores. Quando a pessoa sabe o que ela está fazendo, ela tende a fazer melhor. No momento do treinamento você percebe quem está realmente interessado em aprender e aqueles que estão ali somente cumprindo tabela. Então, isso aí ajuda muito em todos os sentidos. No relacionamento também; você passa a ter um vínculo melhor com o funcionário.
Rehagro: Quais são as perspectivas para o futuro?
Rafael Freitas: A curto prazo nossa perspectiva é investir em infra-estrutura de confinamento, já a longo prazo pretendemos ordenhar 900 vacas por dia em sistema de confinamento, produzindo alimento na própria fazenda. Acredito que daqui há alguns anos vamos estar tirando 30 mil litros de leite por dia na fazenda.
Os desafios da produção na Fazenda Santo Antônio da Moitinha
“A fazenda tinha e ainda tem um grande desafio em relação a problemas sanitários; muita mastite e doenças de casco. Precisamos fazer investimento em instalações de modo a oferecer maior conforto às vacas. No começo do trabalho, focamos muito na melhoria dos processos que geram resultados de curto prazo, como melhoramento do processo de divisão de lotes, criação de lotes pré e pós parto e manejo alimentar. Além disso, demos muita atenção a alguns processos que geram resultados de médio e longo prazo como aumento da eficiência reprodutiva, aumentando a taxa de serviço, e definição das condutas no manejo de ordenha de forma a melhorar a qualidade do leite, dentre outros. Implementamos, também, algumas ferramentas para controle de custo. Hoje nós temos uma rotina de fechamento de custos mensal para tomada de decisões, dando grande foco à redução no custo alimentar, que é um grande desafio da propriedade. A fazenda tinha uma média de produção baixa – muitas vacas produzindo pouco leite e agora temos poucas vacas produzindo mais leite. Acho que a fazenda tem um ponto extremamente positivo: a recria é muito boa. Trabalhamos o ano de 2016 com mortalidade baixa e ganho de peso alto. Além disso, conseguimos otimizar o uso da mão de obra, sem perder eficiência nos processos, com pessoas mais eficientes e satisfeitas. ” – Guilherme Corrêa, médico veterinário, consultor do Rehagro.