Ozires Silva, o lendário fundador da Embraer, conta a história de um jantar na Suécia no qual compartilhou a mesa com membros da comissão julgadora do Prêmio Nobel, a maior láurea concedida a cientistas, pesquisadores, pensadores e escritores do mundo. Ele, então, fez a pergunta que qualquer brasileiro teria feito em uma circunstância como essa: “Por que o Brasil não tem prêmio Nobel?” A resposta, ele relata, foi que sempre que o nome de um brasileiro aparecia entre os indicados, a reação contrária, no próprio país, era maior que a aprovação.

Verdade ou justificativa esfarrapada, é inegável que continuamos sem um Nobel para chamar de nosso. E é também sabida a reação de muitos brasileiros diante do sucesso de um conterrâneo. Quem triunfa não é sempre bem-visto em terras tupiniquins. Ele costuma ser cercado de muita inveja, maledicência, desprezo: “algo de errado deve ter feito para chegar lá”.

Avaliem a repercussão da possível indicação de Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e criador da Embrapa, para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz. Matérias em jornais, um ou outro artigo a favor podem ser vistos. Mas não há uma articulação forte, agregadora, que coloque a opinião pública nacional a favor do nome do brasileiro junto à comissão organizadora do prêmio.

Há razões materiais para que Alysson Paolinelli seja agraciado com o prêmio. Nosso país é hoje um dos “celeiros do mundo”. É o maior produtor mundial de soja, laranja, café e açúcar e está entre os maiores produtores mundiais de milho, leite, carne e tantos outros produtos. As exportações do agronegócio representam mais da metade das exportações nacionais (até os anos 1970, o Brasil era um importador de comida). Em boa parte, essa realidade se deve à visão e ao trabalho do professor e ex-ministro da Agricultura que foi também um dos fundadores da Embrapa, cuja abordagem científica deu base à revolução agrícola do país.

A possível indicação de Alysson Paolinelli reflete, segundo o noticiário, “a preocupação dos organizadores do prêmio com a segurança alimentar em escala global”. Essa atenção já foi manifestada em 2020, quando o prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), que trabalha no combate à fome em todo o mundo.

A iniciativa, encabeçada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, conta com o apoio de dezenas de universidades e institutos de pesquisa do Brasil. Em entrevista ao Canal Rural, Paolinelli explicou que a indicação não é por um projeto específico, e sim por uma vida inteira de trabalho.

Alysson Paolinelli já recebeu, em 2006, o World Food Prize, criado por Norman Bourlang, Prêmio Nobel da Paz de 1970. O Brasil deveria abraçar essa causa. Deveríamos todos assinar os manifestos a favor desse reconhecimento (veja abaixo um dos links para participar da campanha). O Nobel seria um grande reconhecimento para nosso conterrâneo. Estimularia a pesquisa agrícola. Seria um fator promocional para o agronegócio nacional. E faria muito bem à autoestima dos brasileiros, que, convenhamos, estão precisando de boas notícias. 

Próximos passos

Agora, toda a documentação enviada sobre o brasileiro será avaliada pelo conselho da premiação em Oslo, na Noruega. Até novembro, novos dados podem ser complementados à candidatura. “Estou tentando apoio das academias de ciência e de fora do Brasil”, disse.

O sonho está vivo na mente do ex-ministro. No entanto, ele pondera que o momento político vivido no Brasil atualmente possa ser um complicador nessa candidatura. “A posição política do Brasil hoje não é tão favorável ao Prêmio Nobel, mas só a aceitação da agricultura brasileira é uma vitória. A agricultura brasileira vai salvar o mundo”, concluiu.

Link para um dos manifestos ou "abaixo-assinados no change.org: https://bit.ly/3b7TOlT

Esta plataforma permite a criação de petições para coleta de assinaturas pela Internet. 

A Ideagri está APENAS COMPARTILHANDO O LINK e não tem relação com a criação da petição ou a gestão da plataforma.

Vale, ainda, destacar que não há custos para manifestar seu apoio.