O isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 causou uma revolução digital que supera qualquer previsão sobre o avanço do uso da tecnologia da informação no meio rural.

O ‘Especial Digital’, com a visão de 80 líderes do agro, foi matéria de capa da Revista Globo Rural. Executivos e lideranças do Agro, dentre elas o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, revelam os impactos da pandemia nos negócios, os aprendizados e refletem sobre os rumos de um amanhã que promete ser cada vez mais digital – no campo e nas cidades.

Confira trechos da matéria que teve como objetivos conhecer as opiniões dos líderes sobre os impactos da crise do coronavírus nos negócios, como as empresas se reinventarão e quais são os legados destes dias difíceis para milhares de famílias brasileiras que perderam seus entes queridos.

 A Ideagri é associada e parceira da Associação Brasileira dos Produtores de Leite.

 

A íntegra da opinião dos líderes está disponível no site da Globo Rural

 

Confira a reflexão de Geraldo Borges

 

 

O NEGÓCIO

Observamos, por meio de pesquisa realizada pelo C Leite da Embrapa Gado de Leite, com apoio da Abraleite, que houve aumento de consumo doméstico de lácteos. Fora da pesquisa, constatamos a redução de venda dos queijos industrializados no canal de venda de food service, por causa do fechamento de bares e restaurantes, e dos queijos artesanais nas feiras.

ENTRAVES

Com o trabalho em home office, melhorou a produtividade em algumas áreas, principalmente organização e planejamento, mas houve entraves, como na ampliação do quadro associativo, que se daria por meio da mobilização e captação de novos associados em eventos que ocorreriam por todo o país

  

O presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, resume bem o novo cenário. “No agro, o muro que separava o ambiente virtual do real caiu.”

Alguns setores amargam prejuízos, como hortifrútis e flores, que viram o mercado evaporar a partir das restrições aos food services (bares, hotéis e restaurantes) e da suspensão de eventos como casamentos, formaturas e velórios.

Mas, no geral, o agro continua a todo vapor. Nas primeiras semanas da pandemia, a logística se viu ameaçada com o fechamento, nas estradas, de restaurantes e de serviços que atendem os caminhoneiros e com a correria das pessoas aos supermercados para estocar alimentos, com medo do desabastecimento.

A situação começou a se normalizar quando, no final de março, o governo estabeleceu que o setor agroalimentar era essencial. O fluxo das mercadorias permitiu não só abastecer as gôndolas dos supermercados, como possibilitar o escoamento de uma safra recorde de soja nos quatro primeiros meses deste ano.

As tradings e as empresas agrícolas comemoram um bom desempenho, resultado da conjunção entre o maior volume exportado e o dólar em alta. O lucro da SLC Agrícola, no primeiro trimestre, aumentou 40,4%.

O setor de proteína animal também enfrenta bem a crise, com exportações recordes de carne bovina e de suínos, apesar de alguns casos de contaminação pela COVID-19 na linha de produção. Não assusta como nos Estados Unidos, onde os suinocultores terão de sacrificar milhões de animais por causa do fechamento de frigoríficos.

O mercado chinês é crucial para as exportações do agronegócio. Paulo Souza, presidente da Cargill no Brasil, lembra que “não é muito inteligente ter pessoas que representam o governo brasileiro falando mal ou mesmo insultando nosso maior cliente, a China”.

 

Entre as commodities, o algodão sofre com a desaceleração da indústria têxtil, na esteira da queda do consumo da puta final, e o etanol foi pressionado pelo menor consumo doméstico e pela queda do preço do petróleo, que derrubou a cotação da gasolina.

A indústria de máquinas agrícolas, quem enfrentou paralisações em março, devido à falta de peças, ficou sem a sua principal vitrine e o ponto alto das vendas, Agrishow, que seria realizada no começo de maio, em Ribeirão Preto.

O setor vem se reinventando: reuniões, treinamentos, assistência técnica, webinar e até feiras se tornaram virtuais. Sem dedo de prosa num cafezinho e sem aperto de mão para selar o negócio. É o novo agro no horizonte.