Uma revolução silenciosa está transformando o setor lácteo brasileiro. Desde 2016, Startups, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), empresas privadas e universidades uniram forças para transformar um setor de alto potencial em uma realidade de classe mundial no mercado internacional. De acordo com o “2º Censo AgTechs Brasil”, lançado no final de 2018, já havia 35 AgTechs fornecendo soluções digitais especificamente para todos os produtores de leite em todo o Brasil, apenas dentro de fazendas.

Entre essas AgTechs, Ideagri, Cow Med, Z2s Sistemas Automáticos, OnFarm, Milk Chain, Macofren, Systech Feeder, MobiMilk e Agro Marra já são 'casos de sucesso' e, além disso, existem ferramentas gratuitas oferecidas pela Embrapa (relacionadas ao Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento), como APP Leite e 'Roda da Reprodução'.

No entanto, o desafio é enorme. Atualmente, o setor lácteo brasileiro possui cerca de 20 milhões de vacas, um enorme mercado interno com mais de 210 milhões de habitantes, grande produção de até 35 bilhões de litros e 900.000 produtores.

Crédito da foto: Herbert Wiggerman

Nova tecnologia

Enquanto grandes empresas e cooperativas adotaram novas tecnologias e práticas, a maioria dos pequenos produtores não. Algumas cooperativas e empresas têm o mesmo nível de produtividade que o da Nova Zelândia, Europa ou Estados Unidos, alcançando facilmente mais de 6.000 litros de leite por vaca por ano; no entanto, simultaneamente, a média brasileira ainda se mantém em cerca de 2.000 litros.

O movimento AgTech refere-se à nutrição animal, sistemas de gerenciamento digital, automação, máquinas, monitoramento etc. Todos os tipos de tecnologias inovadoras são usados, como Big Data, Data Science, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (AI), análise preditiva, Block Chain, drones, sensores, entre outros.

Paulo do Carmo Martins, chefe da Embrapa Leite, diz que existem soluções de Startup para toda a cadeia e o processo de adoção já está atingindo perfis diferentes. Ou seja, pequenos e médios produtores estão entrando na era da agricultura digital.

“Isso já está acontecendo. A produção de leite requer muita tomada de decisão em uma rotina diária. As soluções digitais facilitam a vida do produtor e aprimoram as ofertas aos consumidores, que terão produtos mais baratos e melhores ”, afirma Martins.

Martins destaca o papel dos jovens empreendedores que entendem que são fundamentais para melhorar um setor que movimenta US $ 21 bilhões por ano e que precisa de todo tipo de solução.

Ideas for milk

Desde 2017, a Embrapa Leite desenvolve o projeto 'Ideas For Milk', que reúne 16 empresas (como Nestlé, Microsoft, SAP, IBM, Danone, Parmalat, Bayer, MSD, Cisco, dentre outras), 6 instituições e mais de 20 universidades de todo o país com o mesmo objetivo.

“Eu acredito que o setor lácteo tem o ecossistema mais estruturado para inovação no Brasil. Provavelmente está se desenvolvendo mais rápido do que qualquer outro. Em 2014, já estávamos cientes de que o agronegócio brasileiro estava muito atrasado em relação à agricultura digital. Em 2016, organizamos a primeira competição de Startups Ag no Brasil”, acrescenta Martins.

Atualmente, o projeto 'Ideas for Milk' tem três ações principais: "Caravana 4.0", "Vacathon" (HackaCow) e "Desafio de Startups". Todos eles têm cobertura nacional e envolvem centenas de pessoas em cada edição.

Caravana 4.0

O "Caravana 4.0" é um Road show que percorreu 40 cidades em mais de 10 estados em 40 dias durante agosto e setembro de 2019. Cada evento reúne informações sobre a cadeia de lácteos brasileira e os projetos 'Ideas for Milk' que estão ocorrendo nas universidades.

Seu objetivo é reunir 2.700 estudantes de vários cursos, como agronomia, veterinária, pecuária, administração, economia, engenharia, ciência da computação, nutrição em um único ambiente, juntamente com empresários de da indústria de lácteos.

Vacathon

O “Vacathon” é um evento de bootcamp que recebeu estudantes de 20 universidades por uma semana, de 28 de outubro a 1 de novembro, na Fazenda da Embrapa em Juiz de Fora, Minas Gerais. O evento recebe os alunos para experimentar uma rotina produção de leite, aprender sobre ferramentas tecnológicas de empresas inovadoras como Microsoft e Cisco e criar soluções.

Desafio de Startups

Por fim, a 4ª edição do 'Desafio de Startups' foi realizada em São Paulo, no Google Cube, em 22 de novembro de 2019, para selecionar as cinco melhores ferramentas inovadoras entre dezenas de propostas de todo o Brasil. "Uma coisa é certa: o nível de competição aumentou", diz Martins.

AgroUp

A AgroUp é uma rede nacional de tecnologia para o campo, da perspectiva dos produtores, que identifica e resolve localmente os problemas brasileiros - inicialmente em cinco estados (Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).

As ações estão sendo realizadas sob a coordenação do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Agrícola), relacionado à CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

No setor de lácteos, eles promoveram o primeiro Hackaton AgroUp MG em outubro, na cidade de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, a fim de encontrar mais soluções para a cadeia de leite brasileira.

 

Fonte: https://www.dairyglobal.net/Smart-farming/Articles/2019/12/Brazilian-Digital-solutions-for-milk-producers-512729E/

 


  

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