Os indicadores da Agropecuária Araçá mostram constante evolução, ano a ano. Isso vale para produção, produtividade e rentabilidade com um negócio ainda em fase de consolidação. Planejamento criterioso, monitoramento dos principais índices zootécnicos e treinamento dos empregados serviram como base estratégica para a Agropecuária Araçá alcançar maior lucratividade com seu rebanho leiteiro. A fazenda é parceira e usuária do IDEAGRI.

Localizada na região de Pompéu, principal bacia produtora de Minas Gerais, a fazenda registrou nos últimos quatro anos crescimento superior a 180% na produção de leite e acréscimo de 149% no número de vacas em lactação.

No mesmo período, a propriedade teve aumento de 300% no rebanho de animais de até dois anos; todos, nascidos nas próprias dependências. Atualmente, o rebanho é composto de 520 cabeças de fêmeas Girolando, de meio-sangue até 15/16. As 250 vacas em lactação asseguram produção que varia de 18 a 23 kg/dia, o que tem proporcionado média de 1,5 milhão de litros/ano.

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Bezerras Girolando 3/4, com 100 dias, geradas a partir de FIV

Ao adquirir a Araçá, há nove anos, os irmãos Avair e Geraldo Alves davam início à diversificação de seus investimentos, já que atuam tradicionalmente no setor calçadista no município de Nova Serrana (a 125 km de Belo Horizonte). Os poucos conhecimentos sobre o agronegócio que possuíam herdaram do pai, que durante anos comercializou bovinos de terceiros. Hoje, satisfeitos com o resultado da fazenda, eles não escondem o desejo de expandir o negócio. Ele afirmam que a meta é “criar um banco de genética com vistas a contribuir para o melhoramento da raça Girolando”. Para isso, investem na aquisição de animais consagrados em tipo e produção de leite e recorrem à fertilização in vitro na reprodução. Estão dispostos a injetar anualmente recursos da ordem de R$ 2 milhões até 2015, sendo que a maior parte virá do próprio faturamento gerado com a atividade.

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Avair e Geraldo: atividade em expansão constante

Na avaliação de Avair, a pecuária leiteira “proporciona bom retorno financeiro, mas exige o complemento de receita com a comercialização de animais e de genética, pois o mercado de leite é variável, não tem preço garantido. A venda de animais e genética ainda não é a receita principal da fazenda, mas, com certeza, será o nosso futuro”, ele adianta.

A fazenda possui hoje 31 animais nascidos de FIV, e outras 29 prenhezes pelo mesmo processo já estão confirmadas. “O material genético veio de bons criadores, a partir da definição de características de produção de leite, longevidade e estrutura leiteira”, explica Geraldo. Considera caro o custo do serviço de FIV, que fica em cerca R$ 1.000, incluindo a aspiração da doadora, a avaliação das receptoras, o processo de fertilização, a transferência de embriões, o diagnóstico do preço e o diagnóstico definitivo.

Boa margem com novilhas e com leite - As atividades da Agropecuária Araçá seguem projeto que prevê a estabilização do rebanho em 2015 com 400 animais em lactação e produção anual de 2,6 milhões de litros. De acordo com Janot Ferreira Andrade Júnior, da Peqpro, consultoria responsável pela assistência técnica da fazenda desde 2007, “o crescimento pretendido será atingido a partir do próprio rebanho, com a utilização de sêmen convencional e sêmen sexado”. No ano passado foram comercializadas 35 vacas na primeira lactação, com média superior a 30 kg/leite/dia, ao preço que variou entre R$ 4.000 e R$ 5.000.

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Por enquanto, Avair e Geraldo não têm interesse em vender animais, já que o rebanho ainda está em formação. Mas admitem que não resistem às boas ofertas que fazem por suas novilhas. “Deveremos vender cerca de 50 matrizes de uma ou duas lactações. São animais produzidos por FIV, cuja técnica deverá produzir mais 150 prenhezes até 2012. Segundo o veterinário da Peqpro, a meta em produção de leite para o ano que vem é alcançar a produção de 1,620 milhão de litros de leite”.

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Janot: avanços a partir do próprio rebanho

Atualmente, o custo de produção é de R$ 0,75 por litro, incluindo depreciação, alimentação, mão de obra e gastos com medicamentos. A fazenda comercializa 5.500 litros/dia ao preço de R$ 0,93/litro. Possui área total de 364 ha, sendo 100 ha de reflorestamento com eucalipto e 50 ha de agricultura irrigada, e o restante é formado por pastagens e cana destinadas à pecuária de leite. Todas as etapas produtivas da Araçá recebem assistência técnica próxima e constante.

Mas a capacitação da mão de obra recebe atenção especial, principalmente no uso de novas tecnologias. O gerente Ari Eduardo de Faria Filho acompanha a rotina da propriedade e tem sob seu comando uma equipe composta por seis funcionários, com funções definidas. “É importante que se entenda o funcionamento de toda a propriedade, mas cada um deve se responsabilizar pelas suas tarefas”, afirma ele. Cada empregado representa uma produção diária de 786 litros de leite.

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Melhoria genética na Araçá visa à produção de leite e venda de animais

A produção de leite da Agropecuária Araçá apresentou crescimento mais acentuado a partir de 2003, quando passou para a administração dos irmãos Avair e Geraldo Alves, que concentraram atenção nos benefícios da genética e da utilização de tecnologias focadas no maior rendimento do rebanho. A produção saltou de 29.775 para 213.421 litros. Entre as tecnologias que mais trouxeram resultados estão a utilização do vagão total mix e o fornecimento da dieta total. “Além de esta medida ter agilizado e melhorado a alimentação, liberou a mão de obra para outras tarefas”, aponta Rafael Luiz da Silva, da Peqpro.

A adequação do manejo alimentar de acordo com as exigências nutricionais de cada categoria, bem como a redução da idade ao primeiro parto (antes, era de 36 meses e passou para 25 meses, em função da adequação alimentar, do monitoramento mensal de ganho de peso e de doenças) foram outras iniciativas benéficas para o sistema produtivo da fazenda. Os consultores da Peqpro consideram ainda que a maior atenção aos animais de recria também proporcionou melhores resultados.

Cana e pastejo de braquiarão - Hoje, a fazenda possui cerca de 260 animais de recria. Os resultados mostram que o monitoramento constante dos animais e o correto tratamento das doenças foram igualmente importantes. Alves destaca a importância do controle dos índices zootécnicos, como, por exemplo, a mortalidade nas diversas categorias, ganho de peso na recria e taxas reprodutivas para o sucesso da pecuária leiteira, já que esse monitoramento está intimamente relacionado à saúde e à produção leiteira.

A alimentação e a pesagem dos animais são permanentemente monitoradas para atender à meta de ganho de peso de 800 g/dia na recria. Fazem isso para que o animal alcance aptidão reprodutiva aos 16 meses e primeiro parto aos 25 meses. Esses procedimentos são importantes para que o ciclo se feche com os resultados esperados.

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Para o lote de primeira cria, alimentação balanceada no cocho

O volumoso utilizado na alimentação do gado é produzido a partir da cana durante o período da seca e durante o verão o rebanho tem pastejo rotativo de braquiarão. Os animais recebem suplementos com concentrado durante todo o ano e os alimentos utilizados são feitos à base de farelo de soja, silagem de grão úmido reidratado, polpa cítrica e ureia.

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No ano passado a fazenda introduziu na dieta dos animais o milho reidratado que traz, segundo Rafael da Silva, vantagens como facilidade de estocagem e a possibilidade de ser adquirido a baixo custo na safra. “A utilização do milho permite adicionar 20% do seu peso em água e o quilo dessa mistura equivale em nutrientes a um quilo de fubá seco. Isso é muito simples e facilita o operacional da fazenda, pois evita a moagem diária”, diz. A Agropecuária Araçá não compra produto industrializado, a não ser o mineral para alimentação do gado. “Adquirimos apenas a matéria-prima para a produção do concentrado, o que reduz custo”, reforça.

Em termos de qualidade do leite produzido, a empresa está preparada para a entrada em vigor dos novos critérios da produção de leite da Instrução Normativa 51. Em dois anos a fazenda saiu da contagem de células somáticas de um milhão de para 180 mil/ml, enquanto a contagem bacteriana total varia em 5 mil e 8 mil/ml.


Mais informações: Peqpro Assistência Técnica; telefone:(37)9931-0871.

Por Lilian Bahia - Revista Balde Branco