Sabemos que ter vacas que produzam, de forma eficiente, grandes volumes de leite, durante várias lactações, sem problemas de transição, doenças metabólicas, problemas de saúde no úbere ou defeitos de conformação que levem a um descarte precoce do rebanho é um cenário ideal. Práticas de manejo e efeitos ambientais, certamente, tem um enorme impacto sobre o tempo no qual uma vaca pode ser considerada produtiva. Vacas deixam o rebanho por diferentes razões, que podem ser voluntárias e involuntárias, incluindo entre outras: questões reprodutivas, baixa produção, mastite e claudicação. Independentemente do motivo, algumas vacas permanecem e algumas saem. Sendo assim, precisamos questionar se podemos usar a avaliação genética para prever quando e quais vacas vão deixar o rebanho.

O que é PL?

A habilidade prevista de transmissão (PTA) para a Vida Produtiva (PL) vem sendo publicada, para todas as raças, desde 1994. Pesquisas, aprimoramento e ajustes, desde então, tem melhorado a acurácia da característica.

A Vida Produtiva (PL) é expressa, atualmente, pela previsão de quantos meses a mais do que suas contemporâneas, uma vaca se mantem dentro de um rebanho. Por não termos um valor exato para a longevidade de uma vaca, até que ela morra, outras características correlacionadas, como Taxa de Prenhez das Filhas, Habilidade de Parto, Escore de Células Somáticas, características de produção e Composto de Úbere são todas usadas para fazer previsões de PL iniciais e mais confiáveis, antes que todas as filhas de um touro sejam descartadas.

No mercado, PL é frequentemente associada com vacas velhas. Muitos produtores reconhecem que, quando vacas de descarte bem condicionadas valem quase o mesmo que uma novilha, então, descartar mais vacas não é uma decisão antieconômica. Na verdade, isso pode proporcionar uma grande oportunidade para aperfeiçoar o rebanho, uma vez que as vacas acima da média raramente são as descartadas! No entanto, a seleção para PL não significa só vacas velhas, mas também é uma previsão de quais vacas são as mais resistentes, mais fáceis de manejar e que tenham aquele tremendo ímpeto para sobreviver.

Os números reais

Olhando para os dados reais, torna-se claro que PL é uma medida verdadeira para longevidade de uma vaca. A análise do perfil de rebanhos dos EUA ajudou a determinar se as previsões genéticas para a PL conferem com a longevidade real em um rebanho.

Primeiramente, todas as filhas dos 10 (dez) melhores touros do mercado para PL, que apresentam média de 6,2, foram separados em um grupo, e todas as filhas dos piores dez touros do mercado, com média de -4,3 foram separadas em outro grupo. Uma comparação mostrando a percentagem de filhas remanescentes no rebanho, de cada grupo, no meio e no fim das suas primeiras quatro lactações é mostrada no gráfico a se seguir. Podemos ver, nitidamente, que, ao final de duas lactações, aqueles que utilizaram touros de alta PL necessitam de 18% menos reposições para manter o tamanho do rebanho em relação aos que utilizaram touros de baixa PL, em seu programa de melhoramento.

PL



Será que notarei alguma diferença em PL no meu rebanho?

Muitos fatores individuais do rebanho indicam quanto tempo uma vaca vai durar. Problemas de vacas recém paridas como torsão de abomaso, cetose e retenção de placenta, bem como claudicação ou mastite, são causas possíveis para descarte precoce, e são todos casos correlacionados com a PL. Estes eventos não só tem um impacto sobre a longevidade em geral mas, também, trazem custos diretos associados ao tratamento e ao leite perdido. A verdadeira questão não é necessariamente se PL sempre faz vacas durarem mais mas, se elas se tornam mais saudáveis e mais produtivas, enquanto estão no rebanho.

Na análise de um rebanho, com 2.000 vacas, todas foram ordenadas em quartis, com base na média de parentesco para PL. O grupo de PL alto teve média de 4,1 PL e o grupo de baixa teve média de -1.4 PL. Como mostra a tabela abaixo, um menor número de animais do grupo de PL alto teve problemas pós-parto, casos de claudicação e mastite, resultando em menos vacas vendidas e mortas, embora houvesse mais vacas recém-paridas dentro deste grupo.

PL


Aqui, a correlação entre PL e saúde do rebanho é evidente. Embora esses eventos isoladamente não tenham um impacto direto sobre o PL real de um touro, é nítido que o PL superior leva ao aumento da eficiência através de vacas mais saudáveis e um menor custo veterinário.

Apesar de PL certamente não ser a única característica a se considerar na determinação de um programa de melhoramento, para decidir sobre quais características focar, existem algumas coisas que devemos lembrar:

1. Maior vida produtiva nos leva, claramente, a vacas produzindo por mais tempo no rebanho, o que significa que um menor número de reposições será necessário para manter o rebanho estável.

2. Aumento da PL tem uma correlação direta com uma menor incidência de problemas pós-parto, claudicação a mastite, todas as questões que afetam a lucratividade do rebanho.

3. A economia leiteira de hoje nos EUA não favorece pesar demais no PL. No entanto, é altamente improvável que as condições econômicas permanecerão as mesmas nos próximos 4 ou 5 anos, que será quando as fêmeas resultantes das atuais decisões de melhoramento, estarão completando a primeira lactação. E aí serão colhidos os reais benefícios no uso de touros com alto PL.

4. Considerar PL em um bem elaborado plano genético ajudará na longevidade produtiva e no aumento da eficiência econômica dentro do rebanho.