A segunda edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB) traz análises de diferentes cenários e indicadores, gerando informações inéditas - Mais uma edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB) está disponível com novas informações sobre o cenário da pecuária leiteira do país. O indicador se consolida no mercado como ferramenta indispensável no dia a dia dos produtores e técnicos. Para quem está conhecendo agora o IILB, é fundamental saber que ele é uma nova maneira de medir a eficiência da produção de leite e que vem mudando a forma como toda a cadeia produtiva no Brasil promove a avaliação do desempenho do setor. Nesta segunda coluna IILB na Leite Integral será abordado um importante fator que aflige produtores de leite: a mortalidade de vacas. Como exemplo do impacto na produção, a média típica da mortalidade anual de vacas em rebanhos nos Estados Unidos é de 6 a 8%. Os dados são da DHIA (Dairy Herd Improvement Association). Confira, no artigo, abaixo alguns índices inéditos brasileiros obtidos por meio do IILB.

TAXA DE MORTALIDADE DE VACAS

Um dos fatores que mais preocupa produtores e técnicos é a morte de animais do rebanho, especialmente, quando se trata de vacas, ou seja, o ativo produtivo das fazendas leiteiras. O desejo de todo produtor é que a perda por morte não ocorra ou seja cada vez mais rara, pois, do ponto de vista financeiro, essa é a pior maneira de um animal ser retirado do sistema de produção. Contudo, na maioria das vezes essas ocorrências são inevitáveis. Assim, torna-se altamente relevante identificar como está o desempenho da fazenda neste quesito.

A forma mais comum e usual de calcular a taxa de mortalidade de vacas é avaliar o total de vacas que foram baixadas (saíram do sistema de produção) por morte, em relação ao estoque médio de animais dessa categoria no período, sendo este indicador um dos 12 que compõem o Índice Ideagri do Leite Brasileiro.

MORTALIDADE X DESCARTE INVOLUNTÁRIO

Adicionalmente à análise da mortalidade de vacas, esta publicação apresenta também as baixas de vacas por descarte involuntário. Para que a análise e interpretação sejam realizadas de forma bastante completa, é importante que os leitores saibam como o lançamento de dados é feito no software Ideagri, que é a base para a geração do IILB. Ao baixar um animal, o usuário deve registrar dois dados, além da data da ocorrência: tipo de baixa (morte, descarte involuntário ou descarte voluntário) conforme a Tabela 1, e o motivo de baixa. A Tabela 1, no entanto, não considera os descartes voluntários.

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MOTIVOS DE BAIXA

A lista de motivos para baixar o animal no sistema é limitada, ou seja, os usuários não podem incluir motivos aleatoriamente. Essa definição foi feita exatamente para permitir a geração de informações, como a desta análise, a partir dos dados armazenados. Caso a inclusão fosse livre, muito provavelmente, com o passar do tempo, a relação de causas cresceria exponencialmente, com repetição de registos similares, com grafias ou nomenclaturas diferentes para os mesmos motivos, o que dificultaria muito a interpretação das informações. Vale destacar que, havendo a demanda pela inserção de novos motivos, a inclusão pode ser feita pela equipe técnica e disponibilizada nas atualizações periódicas do software, ficando acessíveis para todos os usuários.

Visando diminuir lançamentos que se enquadrem nas duas causas relacionados anteriormente, a equipe do Ideagri tem procurado fornecer esclarecimentos adicionais para que essa ferramenta seja, cada vez mais, usada de forma adequada.

Além disso, em termos gerais, sabemos que, muitas vezes, a investigação das causas das mortes pode não ser profunda, a menos que ocorra um aumento abrupto de ocorrências. Naturalmente, em muitas situações (acidentes, doenças graves, entre outros) o aprofundamento não é necessário. Para as demais situações, como mortes espontâneas, por exemplo, quanto mais frequente for a realização de exames laboratoriais e/ou pós-morte (necropsia) e/ou a captação de informações da equipe envolvida no trato dos animais, mais valiosas e relevantes serão as análises produzidas.

VOCÊ ESTÁ REGISTRANDO CORRETAMENTE AS CAUSAS DE MORTE DAS SUAS VACAS?

Em algumas propriedades há “ruído” na comunicação entre o técnico e o produtor. O técnico, que muitas vezes não está presente no momento do óbito no animal, imagina que o produtor seja capaz de registrar a causa corretamente e, estando focado em atuar em áreas mais “visíveis” como reprodução, nutrição e outras, só examina vacas mortas ou mesmo discute os casos mediante demanda do criador. Melhorar a comunicação em relação à mortalidade de vacas pode levar a uma mudança de abordagem importante para o produtor que considera a perda relevante e esteja preparado para fazer os ajustes necessários, reduzindo as mortes evitáveis.

Para analisar as principais causas de morte e descarte involuntário de vacas, conforme Tabela 2, foi utilizado um critério de qualificação à base de fazendas, sendo que só foram incluídas na análise as propriedades com pelo menos 70% de causas devidamente informadas, excluindo aquelas com mais de 30% (OUTR. + DESC.) Do total de 891 fazendas avaliadas na 2ª edição do IILB, 35% foram consideradas para levantamento dos motivos de baixas, contemplando 9.400 baixas no período de um ano.

Dentre as causas identificadas, 5 (destacadas em amarelo na Tabela 2) são mais recorrentes e responsáveis por 65% das baixas, em relação à média de todos os perfis, como demonstra o Gráfico 1.

As duas causas que se destacam, dentre as identificadas para todos os principais perfis e para a média geral, seguem a mesma ordem de ocorrência. Em 1º lugar estão os problemas reprodutivos e em 2º lugar a mastite. Já para os demais motivos, até a 5ª colocação, percebemos algumas variações (conforme pode ser verificado na Tabela 2):

» Média geral e Perfil 2: em 3º lugar estão os problemas de casco/locomoção; em 4º lugar as complicações parto/pós-parto; e no 5º lugar os acidentes diversos.
» Perfil 1: as complicações no parto/pós-parto são mais relevantes do que acidentes diversos e problemas de casco/locomoção.
» Perfil 3: problemas de casco/locomoção são mais relevantes do que complicações no parto/pós-parto e acidentes diversos (praticamente empatados).

Identificar corretamente e ter em mãos os motivos de mortes e descartes involuntários de vacas podem embasar mudanças de manejo que diminuam estes tipos de ocorrência, promovendo um aprimoramento na saúde geral do rebanho.

 

Para conferir o boletim completo, acesse a plataforma www.iilb.com.br (disponível de forma gratuita para qualquer pessoa interessada nas análises).
Bom proveito!