A Fazenda JT Patos Peão, usuária do sistema de gestão Ideagri, foi destaque em recente edição da Revista Leite Integral. A propriedade, localizada em Gurinhatã/MG, produz leite com a qualidade refletida da paixão de João Henrique Tetzner  e D. Thelma Regina Almeida Drummond Tetzner pelos animais, mas também na gestão assertiva que garante a viabilidade do negócio.

O Sr. João Henrique Tetzner forma com sua esposa, D. Thelma Regina Almeida Drummond Tetzner, um daqueles casais que a gente se sente honrado por conhecer: são doces, companheiros, educados, joviais e amorosos. Parecem ter mesclado na família a sensibilidade de artista da D. Thelma com os pés no chão e a cabeça que voa alto do piloto de avião, Sr. João. O resultado disso? Equilíbrio, que ganhou forma e nomes de meninas: as filhas, Tatiane e Talita e as netas, Júlia, Helena, Luísa e Anna.

Fica claro que as decisões tomadas na Fazenda JT Patos Peão, localizada em Gurinhatã/ MG, são fruto da paixão pelos animais, mas também da gestão assertiva que gera a viabilidade do negócio. E foi assim desde o início, em 1994, quando a família recebeu essa fazenda como herança. A gestão foi dividida com a outra paixão do Sr. João: a aviação. E foi assim até que aterrissou sem volta no negócio do leite.

“Meu pai também veio do campo, com experiência na produção de laranjas, com os meus avós. E minha mãe tem a agricultura e pecuária como exemplos vindos dos meus avós e bisavós, que foram pessoas muito arrojadas na organização e gestão das fazendas. Embora meu pai tenha se realizado profissionalmente na aviação, assumir integralmente a fazenda significou um retorno às origens”, esclarece, com orgulho, a filha do casal e Médica Veterinária, Tatiane Tetzner.

Quando iniciaram os trabalhos na fazenda, cerca de quarenta animais compunham o rebanho azebuado leiteiro, com forte influência da raça Gir, e a ordenha era feita toda a mão, como se recorda Sr. João. Um ano depois, adquiriu uma ordenha mecânica e investiu na compra de mais animais. Desde 1996 não se compra animais na fazenda: são todos originados lámesmo, resultado da inseminação e da transferência de embriões, mais atualmente. “A oportunidade fez o negócio. O que a herança me deixou aqui foi o começo de um rebanho mestiço com bastante sangue de Gir. A gente foi inseminando e melhorando cada vez mais o plantel”, afirma Sr. João.

“Meus pais foram muito arrojados quando decidiram passar da ordenha manual para ordenha mecânica. Teve até troca de funcionários, porque alguns não adaptaram”, se lembra Tatiane, sobre o início da produção na fazenda. E continua: “Tivemos profissionais importantes, como o Médico Veterinário Dr. Vilmar Rezende, que direcionou os acasalamentos com touros holandeses, o que deu um upgrade na produção das vacas. Mas, depois, meu pai se viu diante de uma dificuldade: a Fazenda JT Patos Peão se localiza em uma região do Triângulo Mineiro de elevada temperatura, em determinadas épocas do ano, e muita umidade. Os desafios climáticos da região são bem diferentes de outras fazendas. A gente se viu diante de um problema, quando chegamos no gado 7/8, 15/16, apuramos muito. A gente teve que voltar um pouco e equilibrar o grau de sangue, as frações raciais, para que fosse um gado adaptado às condições da propriedade, buscando o 1/2 Girolando”.

A partir de 2015, a Fazenda JT Patos Peão inaugurou nova fase, com o projeto da produção in vitro de embriões, buscando doadoras em outras fazendas e transferência de embriões. A partir de então, D. Thelma assumiu o bezerreiro, dando atenção diferenciada e merecida àquelas que simbolizam a nova geração de produção.

 

 

ONDE TUDO COMEÇA

 

Se o bezerreiro é o coração da fazenda, D. Thelma representa muito mais: é o coração do bezerreiro. Todos os cuidados são envolvidos por sua sensibilidade, técnica e capacidade de treinar e manter a equipe coesa. Tatiane Tetzner ressalta a importância do cuidado que D. Thelma dedica às bezerras: “As bezerrinhas precisavam de um cuidado especial, já que viriam para somar muito com a genética diferente. Quando começamos o projeto de embriões, intensificamos os cuidados para não termos problemas com a mortalidade”. A capacitação do pessoal e a busca por informações foram fundamentais nesse processo liderado por D.Thelma.

“Está provado cientificamente que quando a gente tem uma boa etapa de desenvolvimento da bezerra, ela vai entrar em reprodução mais cedo, chegar ao primeiro parto mais precoce, ter um intervalo entre o primeiro e segundo parto mais eficiente e ser uma vaca mais rentável”, afirma Tatiane.

As bezerras são criadas no sistema tropical, com sombrite, localizado bem perto da casa principal. Essa localização facilita o cuidado inicial com as bezerras, em especial, nas primeiras horas de vida, quando elas demandam cuidados mais intensivos.

D. Thelma afirma que o bezerreiro precisava de um toque mais cuidadoso: “Foi o que fiz, abracei tudo com amor. Para ser sincera, entro com o coração e, naturalmente, os bons resultados, que refletem também no financeiro, aparecem, porque a taxa de mortalidade é muito pequena. O que me faz feliz é ver as bezerras crescerem saudáveis, irem para ordenha e viverem muito”.

Dentre os cuidados essenciais está a rapidez com que as bezerras são buscadas no pasto quando nascem, não sem antes serem lambidas pela mãe, para serem colostradas e terem o umbigo curado no bezerreiro. No primeiro dia, as bezerras mamam 3 vezes e, no segundo, 2 vezes ao dia. Depois, seguem com essa periodicidade, recebendo o equivalente a 10% do seu peso em leite. “Sempre dedicamos atenção à higiene das mamadeiras, aos vasilhames que são usados e também à temperatura do leite. O resultado desse cuidado é muito positivo para evitar a diarreia” comenta D. Thelma.

O desaleitamento é realizado quando os animais atingem 90 kg. O processo começa com as bezerras mamando 4 L, apenas pela manhã, sem a refeição da tarde. Quando atingem 120 kg, deixam de mamar completamente. São oferecidas água e ração desde o primeiro dia. Depois de desaleitadas, as bezerras seguem para o pasto e continuam contando com a observação da equipe, que acompanha, de perto, a adaptação dos animais.

 

 

DO PASTEJO ...

 

A Fazenda JT Patos Peão sempre se estruturou com o sistema de pastejo. Atualmente, a cria, recria e maternidade são conduzidas em pastej. Antes do Compost Barn, as vacas em lactação ficavam em pastejo rotacionado de Tanzânia.

São 6 pastos e, “quanto mais nova for a bezerra, mais perto dos nossos olhos ficam”, explica Herik Evangelista Ferreira, Médico Veterinário e Gerente da Fazenda JT Patos Peão. Por volta de 16 meses, até 18 meses, os animais entram no período reprodutivo. Herik faz o diagnóstico da prenhez e ajuda a dieta: do concentrado, os animais passam a receber proteinado de alto consumo.

Sobre o ponto de vista nutricional, Luiz Henrique Oliveira Silva, Assistente Técnico Comercial de Leite da DSM, ressalta: “há dois anos, os animais demoravam muito para emprenhar, era uma recria muito a pasto, com pouca suplementação. Com o proteinado de baixo consumo, os animais emprenhavam com cerca de 24 meses de idade. E, como aqui temos muitos animais em recria - com a produção de embriões e as fêmeas que nascem aqui -, em comparação ao número de animais em lactação, precisávamos abreviar esse momento de primeiro parto, trazer a idade dos partos mais próxima à 25/26 meses. O desafio era reduzir, pelo menos, uns 10 meses do que vinha acontecendo”.

Como a recria é toda a pasto, diferente de outras fazendas que usam silagem, a estratégia foi intensificar a suplementação na recria. Como resultado, a inseminação e a idade ao primeiro parto foram adiantadas. “Atualmente, a primeira concepção acontece entre 16 e 18 meses. A estratégia deu muito certo! Reduzir quase um ano na recria é menos custo na produção”, comemora Luiz Henrique.

 

... AO CONFINAMENTO

As vacas em lactação migraram, recentemente, para o Compost Barn e o Sr. João Tetzner comemora os resultados: “Quando as 216 vacas entraram no composto, em julho de 2020, a produção era, em média, 3.700 L/dia. Em 60 dias de confinamento, com 245 vacas alojadas, a produção saltou para quase 6.000 L/ dia”.

Faz um ano, portanto, que a estrutura do Compost Barn está em operação e a média produzida alcançou 28 L/dia/vaca. O rebanho, por ser todo próprio, gera resultados muito positivos em termos sanitários e a adequação da dieta para essa nova realidade foi uma necessidade.

Antes do Composto, eram piquetes com cocho, como se fosse um confinamento, mas os animais em produção tinham acesso ao pasto”, explica Herik. Portanto, na formulação da dieta era considerado o consumo de pasto também. Com o Compost Barn, a dieta é total (TMR). De acordo com Luiz Henrique, “O que o Compost Barn também proporciona é o aumento do consumo, porque os animais ficam mais confortáveis, mais frescos. Os animais da raça Girolando, que são muito versáteis, agradecem, e muito, o conforto que é proporcionado pelo sistema. São animais que andam menos, têm menor gasto energético”.

Diante das novas condições oferecidas aos animais, a produção de leite aumentou: “tínhamos a média aproximada, no verão, por volta de 18 L/vaca/dia. Na seca, conseguíamos aumentar a média para 26 L. Com o Compost Barn, a média de mais de 28 L/dia/vaca é constante, o ano todo.

 

 

OS RESULTADOS APARECEM!

Os resultados da nutrição e do bem-estar animal são comprovados na quantidade e qualidade do leite. A dieta das vacas conta com vitaminas e minerais de alta qualidade, que auxiliam na promoção de saúde do rebanho. Ainda, contém tecnologias inovadoras que otimizam o aproveitamento dos ingredientes da dieta, como a amilase que promove maior uso do amido do milho e, assim, melhora os resultados de produção de leite com maior teor de sólidos. A ordenha é realizada três vezes ao dia: às 6h, às 14h e às 19h30, e envolve uma equipe formada por cinco funcionários. O equipamento de ordenha utilizado é o de linha média baixa, duplo 12.

Quanto à qualidade, na Fazenda JT Patos Peão, o leite produzido é muito rico em sólidos. “Produzimos um leite que possui 4,26% de gordura, 3,7% de proteína e 249 Cel./ml x 1000 de CCS. É uma análise de leite, principalmente em termos de gordura e proteína, muito difícil de se encontrar, especialmente, por ser um rebanho confinado. A dieta é muito bem ajustada para esse perfil e a gente tem vaca aqui produzindo mais de 60 L de leite”, conclui Herik.

 

 

PRÓXIMO DESTINO

As árvores que Sr. João e D. Thelma Tetzner plantam na Fazenda JT Patos Peão são parte de uma imagem projetada para o futuro: que elas façam sombra para as filhas e netas. Essa visão é embasada na percepção de que todas têm mais que afinidade com a fazenda, têm conhecimento ou desejarão busca-lo. É o caso da neta, Júlia, que com apenas 13 anos parece já ter decidido a profissão - quer ser Veterinária. Tatiane Tetzner afirma que ainda há muito a ser construído, apesar de considerar os processos bem maduros. Sobre isso, afirma que: “Meu pai consegue enxergar longe. Valoriza e é capaz de identificar bons profissionais para trabalhar junto no projeto, assim como empresas parceiras de qualidade”.

Alcançar os 10.000 litros de leite é um objetivo claro. Para isso, o planejamento é fundamental para obter a escala e produtividade necessárias. Mesclar a racionalidade exigida para a prosperidade do negócio com o amor, que dá sentido a tudo, talvez seja a maior lição que se possa aprender com a família Tetzner.

 

 

 

 

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